quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Eu com 6 anos de idade.



Eu estou feliz, mas algo me falta. E não é você, tenho a você e você tem a mim.
Talvez sejam os livros de poesias jogados no sofá lá fora, ou quem sabe a lousa pendurada na parede,
no quintal, onde aprendi a escrever, a soletrar, onde decorei o alfabeto.
Talvez o que me falte seja o medo de não passar de ano, ora, é apenas a primeira série.
Talvez o que me falte sejam os sonhos de criança, porque de repente, por mais que lutemos contra
e nossos pais digam que não, deixamos de ser crianças e passamos a nos preocupar de verdade
com o passar do tempo e em não repetir de ano, com as contas na lousa e as fórmulas decoradas.
Talvez o que me falte hoje, é aceitar que chega um momento na vida, que preciso correr com
minhas próprias pernas.
Por isso, quero lembrar da minha infância como algo bom que vivi, olhar as fotos e sorrir de alegria.
Sabe, esses dias senti saudades de uma coisa, ao ver de muitos, simples e até banal. Meu irmão
vai casar e fomos levar o convite do casamento dele para um velho e bom amigo, o Moreira, ele
tinha um barzinho perto da casa onde morávamos, quando eu tinha menos de 7 anos. Toda vez
que eu ia lá ele me dava um doce, ah como eu gostava de visitá-lo, não pelos doces, mas por ele.
E no caminho passamos em frente a um mercado onde meu pai ia aos domingos, eu odiava os domingos,
ele sempre me acordava cedo e me fazia ir com ele ao mercado, sempre questionava e dizia para
chamar meu irmão, mas não adiantava. Ah que saudade das manhãs de domingo, desde aquele
tempo que não sei o que é ir ao mercado com meu pai, nossos encontros são em casa, combinamos
de ir ao teatro, mas as compras do dia de domingo ficaram apenas na lembrança.
Talvez o que me falte é lembrar que tudo o que vivi foi bom e durou o tempo necessário e que nada
é eterno e igual.
Maísa Borghetti, com olhar de criança, Zazá.