Eu e minha vontade de ir embora daqui.
Eu odiava o Rio de Janeiro mesmo sem ter posto os pés
naquela praia maravilhosa, odiava carioca mesmo sem ter conversado com um
deles. Eu odiava o Rio de Janeiro por puro pré-conceito de paulistano
apaixonado e defensor. Até que um dia eu não só pisei naquela praia
maravilhosa, mas vi do alto a beleza cantada por Gil.
Desde então passei a ver a beleza daquele lugar, daquelas
praias e pessoas. Quis morar lá com a certeza de que seria melhor e diferente,
com a certeza de que eu teria um mar infinito e invejado para acompanhar minhas
melancolias, com a certeza de que seria tudo diferente e lindo, e calmo, e
fantástico. Pois bem, a vontade é maravilhosa, mas não poder realizá-la foi
frustrante e meus dias em
São Paulo passaram a ser preto e branco. Quem me ouvia dizia
“Mude, lute e vá!” como se fosse simples. Algo me perturbava nessa cidade, nem
o que tocou Caetano me tocava mais. Lembro que quando criança eu adorava me ver
na Ipiranga com a Avenida São João, alguma coisa realmente acontecia no meu
coração, mas isso estava no passado.
Hoje eu me vejo em um dos homens por quem sou apaixonada. A
minha vontade louca de sair daqui amenizou, na famosa Avenida Paulista
encontrei um canto para o meu sossego. Não me importo em compartilhar dias
melancólicos com um lago dentro de um parque, com o calor humano dentro do
trem, com a pressa de quem vai pela Avenida Paulista, mas ele sim, ele se
importa. Meu instinto de garota apaixonada diz que devo protegê-lo, minhas
lembranças... Ah, minhas lembranças, elas me acalmam e dizem que tudo ficará
bem. Ele é apaixonado pela mesma cidade que eu, ou deveria dizer “as mesmas
cidades”?
Um conselho? Todo lugar tem uma manhã cinza vez ou outra.
Todo criança quer fugir de casa com a mochila nas costas (e um ursinho dentro),
assim como todo carnaval tem seu fim. A semelhança que nos une nessa vontade
louca de sair do nosso lugar é o trecho da minha atual música favorita e deixo
aqui para que seja sua também:
”Por
opção, como quem ama o Rio
Mas tem São Paulo como seu lugar.”
Temos algo dentro de nós que não tem nome, mas grita. Nosso
refúgio está nas músicas, fotos e textos, belos textos, belas fotos e belas
músicas. “Passará”.
Para o amigo que eu gosto mais a cada dia, Vinicius Galhardo.
Por Maísa Borghetti
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